"EMPATIA É O LAÇO INVISÍVEL QUE NOS UNE"
- evoluapsicologia
- 25 de abr. de 2016
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"Se pudéssemos olhar no coração do outro e entender os desafios que cada um de nós enfrenta diariamente, acredito que nos trataríamos com mais gentileza, paciência, tolerância e cuidado".
Segundo Rogers (1977), Psicólogo, para estarmos com o outro empaticamente, devemos "deixar de lado, nestes momentos, nossos próprios pontos de vista e valores, para entrar no mundo do outro sem preconceitos. Num certo sentido, significa pôr de lado nosso próprio eu" (p. 73). Essa afirmação está relacionada à redução fenomenológica, visto que nesse contexto precisamos "reencontrar os fenômenos, a camada de experiência viva através da qual primeiramente o outro e as coisas nos são dados" (Merleau-Ponty, 1945/1994, p. 90). Ou seja, compreender empaticamente seria justamente ter acesso a essa camada de experiência viva do outro em sua alteridade. Rogers (1985), confirma que é enriquecedor abrir canais através dos quais o outro possa me comunicar os seus sentimentos e suas percepções; assim, "consciente de que a compreensão compensa, procuro reduzir as barreiras entre os outros e mim, para que eles possam, se assim o desejarem, revelar-se mais profundamente" (p. 22). Para se captar e refletir sobre a significação pessoal do cliente, é preciso fazer uma abstração de seus próprios valores, sentimentos e necessidades. A compreensão empática pode ser muito difícil de ser posta em prática, pois exige a adoção do ponto de vista de outra pessoa, o que só é possível, em psicoterapia, por exemplo, se o psicólogo for capaz de despojar-se de seu próprio ponto de vista e aceitar incondicionalmente o jeito de ser de seu cliente, ainda que momentaneamente na situação da relação psicoterapeuta-cliente-mundo. Neste sentido, questiona-se: "poderei permitir-me entrar completamente no mundo dos sentimentos do outro e das suas concepções pessoais e vê-los como ele os vê? Poderei entrar no seu universo interior tão plenamente que perca todo desejo de avaliá-lo ou julgá-lo? Poderei entrar com suficiente delicadeza para me movimentar livremente, sem esmagar significações que lhe são preciosas? Poderei compreender esse universo tão precisamente que apreenda, não apenas as significações da sua experiência que são evidentes para ele, mas também as que são só implícitas e que ele não vê senão obscura e confusamente? Poderei ampliar ilimitadamente essa compreensão" (Rogers, 1985, p. 62) Conforme Merleau-Ponty (1945/1994), quando escreve que a verdadeira filosofia consiste em reaprender a ver o mundo, vale pensar que, na psicoterapia, este objetivo - reaprender a ver (além de sentir, pensar, funcionar e ser-no-mundo) - é possível através da compreensão empática, "uma maneira complexa, exigente e intensa, ainda que sutil e suave" (Moreira, 2009, p. 74), recurso facilitador que na psicoterapia pode ser potencializado fenomenologicamente através da utilização da redução fenomenológica. (Arquivos Brasileiros de Psicologia, V. Moreira & R. B. Torres)
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